quinta-feira, 5 de maio de 2011

Um brinde a nós!

"Chove... pode chover! Preciso de chuva no rosto pra lavar esses pontos de interrogação que insistem em aparecer..."
(Brenna C.)



[...] Quando ele foi embora naquela noite fria eu sabia que não o veria mais. Quando eu pedi pra que ele não sumisse, tinha plena certeza de que era justamente isso o que iria acontecer. E foi!
Saiu da minha vida do mesmo jeito das outras vezes: sem explicação. E pra que explicar o que não se explica?
Pena que dessa vez não me fez a mesma falta... A gente se acostuma com as coisas, mesmo as ruins... Eu me acostumei a isso.
Dessa vez, não me deu vontade de procurar. Não me deu vontade de ir atrás, de ligar, de falar...
Dessa vez eu entendi. Quer ir? Tá massa! Valeu!
Não vou mais sentir falta do que nunca tive... Do que não me pertence, do que não se importa comigo...
Pra você, deixo apenas o meu Adeus... É a única coisa que posso dizer, é a unica coisa que tenho para você hoje!
Hoje chove...
Eu poderia sentir aquela saudade do abraço, do beijo, do calor, mais não...
Eram abraços e beijos vazios, e vazio é uma coisa que não preenche, porque não existe nada a oferecer.
Eu não sinto dor, nem falta, nem me preocupo, não procuro mais...
É uma procura no escuro por alguém que não quer se achar... Só lamento...

Hoje chove... E vindo pra casa sentindo a chuva na cara eu percebi que já não precisava mais da sua presença na minha vida... Fiz uma reflexão dos últimos dias em que me diverti tanto que, olhe só, acabei esquecendo de você!
Hoje eu vou abrir um vinho...
Seria triste fazer isso e lembrar de que era com você que eu brindava...
Mais dessa vez será diferente!
Eu bebo só, brindo só, comemoro só...
Afinal, quem quiser brindar comigo, agora terá de fazer por onde merecer o meu 'tintin'!

Portanto, um brinde a nós!
A tudo o que a gente não foi!
Um brinde as raivas que eu estou deixando de ter, as lágrimas que eu estou deixando de derramar, e as palavras que, em vão, eu iria falar...
Um brinde solitário a mim e a você!
A mim por ter, finalmente, tomado a atitude de te esquecer. E a você por ser, novamente, covarde o suficiente para não olhar nos meus olhos e, dessa vez, me escutar pronunciar cada sílaba da palavra adeus!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Da série textos fodásticos³


"Cansei de gritar e resolvi latir"




Como é horrível ser um animal. Um animal menininha. Usar vestidos, fazer as unhas, pintar os lábios, andar pisando leve. Por dentro, esse animal com fome, desesperado, selvagem, irracional.
Que bom dia que nada, cara. Que boa noite, que muito obrigada. Por que você não vem me amansar? Rasga o vestido da menininha, rasga.
Mata essa fome que eu estou de engolir seu ego, de te deixar perdido, de acabar com essa sua panca, essa sua distância.
Que se dane o esmalte falso das minhas unhas, eu que já guardei restos de células mortas da sua pele. Tira essa cor inventada da minha boca, esse tom estúpido de flor artificial. Faça ela ficar cheia de sangue vivo, entreaberta entre um grito e um riso. Tira esse meu andar leve e ereto, me entorta, me coloca do jeito que você gosta.
Que bom dia que nada, eu vou latir no seu ouvido se você achar que tem o poder de me magoar.
Para que ferir meu coração se você pode ferir o meu útero? Para que dominar minha cabeça se você pode dominar o mundo pequeno e errado que eu inventei?
Eu que me faço de bem resolvida, por dentro são palpitações, são vozes de incentivo ao ataque, é calcinha de moça marcada por tanto desejo.
Eu que um dia vou ter que ser mãe, que um dia vou ter que aprender a escrever. Eu que preciso ser levada a sério, preciso perceber que sou sozinha, preciso cuidar de mim. Eu que agora me atraso mais um pouco, sendo apenas instintiva.
Olhando você e só querendo correr de quatro até sua canela e morder toda a lógica dessa frieza.
Querendo te enfiar dentro de mim para preencher o vazio de ser incompleta.
Para sempre a vida me deve, e eu devo tanto a ela.
Querendo calar as batidas do meu coração ansioso com nosso atrito desesperado por minutos de paz.
Para sempre o silêncio, de quem não pode pedir, mas morre de desejo, de quem acaba de conseguir, mas morre de culpa.
Olhe para mim, me dá ração que eu estou morrendo. Olhe para mim, me deseje de novo porque eu estou murchando...
Ou apenas venha me distrair, apenas esqueça todos esses poemas falsos. Esqueça todas essas justificativas sofridas para uma simples vontade de deitar com você de novo.

Tati Bernardi


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E ela, mais uma vez, consegue expressar EXATAMENTE o que eu estou sentindo...
PUTAQUEOPARIUUUUUUUUUUUU

Sem tirar nem pôr, é issoaê!

Beijos!


/criis

segunda-feira, 2 de maio de 2011

E eu que sou quase de ferro...



Me sinto um corpo sem alma... vagando... vagando...
A espera de algum ser de alma caridosa que me salve. Mas ninguém salva...
Eu que fui tão cheia de vida, tão sonhadora... me tornei este ser desconfiado... quase amargo.
Um quase misto de quase tudo que eu nunca quis ser.
Eu que corria pela praia com aquele sorriso de moleca de 5 anos quando vê um picolé, hoje apenas caminho sem direção olhando pro nada...
O vazio do meu ser me consome... Me deixa estéril.
Um tanto quanto sobrenatural.
É como se eu soubesse o que vai acontecer. Porque a minha vida é um replay sem fim...
Tudo se repete, e eu ainda não sei lidar com isso.

Ahhh se as pessoas soubessem que por dentro da minha armadura de ferro habita um ser dócil, terno e amoroso... Mais nem eu sei como abrir esta tal armadura. Como sair dela? como?
A cada dia eu vejo novamente aquele velho filme passando, as cenas se repetindo...
E eu, a protagonista e autora desta história não tenho sequer forças pra mudar o enredo.
O mocinho fugiu com a mocinha e eu sou a vilã.
Sempre fui a vilã.
As vezes até gosto!
Vilões sempre são mais emocionantes! \o/
Pena que acabam sozinhos, presos, são sempre errados e ninguém quer chegar perto!

Eu só queria me sentir EU de novo.
Talvez as quedas da vida me fizeram endurecer. Eu já fui a mocinha.
Já fui querida, amada... Mais fui enganada, me perdi...
Agora, tudo o que quero, é encontrar o caminho de volta... Pra dentro de mim mesma!

/criis