segunda-feira, 21 de março de 2011

Da série: Textos Fodásticos²


"(...) Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais...

Mas aí, daqui uns dias.... você vai me ligar. Querendo tomar aquele café de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo."

Tati Bernardi

sexta-feira, 18 de março de 2011

Desabafo¹: O encontro consigo mesma e o recomeço.

Ela teve tantas fases depois que tudo terminou...
Teve a fase da irradiante loucura libertária, aquela fase pós-fim na qual nos entregamos sem pensar pra tudo o que vier. Festas e festas e festas... bebidas, bebidas e bebidas...
Queremos fazer tudo o que não nos era permitido e o diabaquatro. PASSOU.
Depois teve a fase da falta. Da depressão. Do: "como eu vou viver agora?"
Passou por essa fase sem demonstrar. Sofreu sem chorar. Foi 'forte', mais nunca se libertou.
Aí veio a fase do costume, a gente vai pouco a pouco acostumando com a ausência. Acostumando com a dor, aí mandamos o mundo tomar no cú e nos sentimos muito bem com isso.
Daí a gente aprende a viver novamente, a andar sozinha, a tocar os pés no chão, a ser dona de si, a obedecer ao que der na telha.

Ela voltou a viver. O sopro de vida retornou.
Porém aquilo não estava morto, ela apenas guardou a dor. Num cantinho em que jamais seria mexido. E conviveu com ela todos esses dias... anos..
Ela foi feliz. Sorriu. Se apaixonou.
Brincou, bebeu, VIVEU.
Mas nunca tirou a dor de dentro de si. E de vez em quando aquilo voltava pra amargurá-la...

"ALGUÉM

Alguém me levou de mim
Alguém que eu não sei dizer
Alguém me levou daqui.
Alguém, esse nome estranho.
Alguém que não vi chegar
Alguém que não vi partir
Alguém, que se alguém encontrar,
Recomende que me devolva a mim."

Padre Fábio de Melo

Ela precisava de ajuda, de alguém, que despertasse nela o desejo de ser diferente.
Suas amigas foram seu porto seguro. Algumas tornaram-se mãe, irmã e até inimiga.
Encontrou apoio, colo. Só não encontrou consigo. Ela não estava lá...
Ela ainda se recusava a falar. Ela só queria esquecer, e falar competia lembrar.
Mais quem disse que ignorar é esquecer?
Ela ia levando, vivendo, penando e sofrendo.

Sua família ainda lembrava dele. Amavam ele. Ela nunca o amou. Ela deixou de se amar por ele...
Ele era um fantasma. Que assombrava, e que fazia sofrer pelo simples fato de ter existido.
Vinham as comparações dolorosas. Aquelas das quais eram impossíveis fugir, afinal ele tinha sido sua única referência de vida até então. A sequestrara. A mantinha no mesmo cativeiro de antes. Mas dessa vez a porta estava aberta. Mas porque não saía então?
Ela também não sabia. Não sabia o que a prendia, não sabia sequer porque continuara presa naquele passado que... Passou!

É isso, P-A-S-S-O-U!

Precisava se dar conta. Precisava se dar uma chance.
Raiva não tinha. Amor também não. Então? O que a prendia?
A dor. O medo. O talvez. A incerteza. O Trauma.
Tudo preso dentro dela e ela fingia que estava bem.
Tanta coisa boa passou depois disso e ela continuava com as comparações... Com os medos e com as lembranças...
Deixou de ser uma pessoa doce. Deixou todo o romantismo que tinha.
Tornou-se outra. Amarga, dura, fortalecida pela dor que ainda a atingia.

Aí ela chorou. Chorou por ela, por todos esses anos de dor e angústia, de medo e incerteza.
Chorou por ter ficado com seqüelas tão grandes que nem mesmo o tempo foi capaz de apagar.
Chorou por nunca ter chorado. Chorou por ter engolido o choro tantos anos.
Chorou apor se fingir de forte quando apenas precisava ser fraca. Chorou por ter desperdiçado tempo. Chorou por não se reconhecer mais...
Era um choro de dor. De mágoa.
Estava magoada consigo mesma por estar ainda presa quase 4 anos depois do fim.


Mais agora tudo mudava. Pessoas a ensinaram a deixar pra trás o passado, a enterrar seus medos, a se (re)descobrir novamente...

E é isso que ela vai fazer...

Ela, a partir de hoje, vai VIVER. Vai dar uma chance a si mesma. Vai recomeçar do zero. Vai queimar o passado. Vai, antes de tudo, amar a si mesma!

Egoísmo

Sinto falta de você.
Mas o que sinto falta é de tudo o que é seu e me falta.
Sinto falta de minhas faltas que em você não faltam.
Sinto falta do que eu gostaria de ser e que você já é.
Estranho jeito de carecer, de parecer amor.
Hoje, neste ímpeto de honestidade que me faz dizer,
Eu descobri minhas carências inconfessáveis que insisto em manter veladas.
Acessei o baú de minhas razões inconscientes
E descobri um motivo para não conitnuar mentindo.
Hoje eu quero lhe confessar o meu não amor, mesmo que pareça ser.
Eu não tenho o direito de adentrar o seu território
Com o objetivo de lhe roubar a escritura.
Amor só vale a pena se for para ampliar o que já temos.
Você era melhor antes de mim, e só agora posso ver.
Nessa vida de fachadas tão atraentes e fascinantes;
nestes tempos de retirados e retirantes, seqüestrados e seqüestradores,
A gente corre o risco de não saber exatamente quem somos.
Mas o tempo de saber já chegou.
Não quero mais conviver com meu lado obscuro,
E, por isso, ouso direcionar meus braços
Na direção da dose de honestidade que hoje me cabe.
Hoje quero lhe confessar meu egoísmo.
Quem sabe assim eu possa ainda que por um instante amar você de verdade.
Perdoe-me se meu amor chegou tarde demais,
Se meu querer bem é inoportuno e em hora errada.
É que hoje eu quero lhe confessar meu desatino,
Meu segredo tão desconcertante:
Ao dizer que sinto falta de você
Eu sinto falta é de mim mesmo.

Padre Fábio de Melo(Quem me Roubou de Mim)


/criis

quarta-feira, 16 de março de 2011

Quem é ela?


Ela era diferente de todas. Tinha um sorriso só dela. Tinha um jeito de ser só dela.
Ela se sentia só. E na sua solidão se refugiava em si. No seu mundo ninguém entrava, era restrito. E ela pensava estar segura ali.
Um invólucro invisível onde apenas ela sabia onde estava. Mais não estava. Não existia.
Do pedestal do seu mundo ela criou sonhos, cidades, pessoas, jeitos, tipos e coisas. E vivia feliz, passeando num jardim imaginário... Pisando em flores, rindo com os amores...
E como haviam amores... Ela era amada, ela era desejada, isso a fazia sentir-se mulher as vezes... Mas também gostava de ser menina. De brincar, de rir.
Lá ela via o nascer do sol, brincava com as águas do mar, deixava-se levar pelo som das ondas.
Ela via o sol se pôr... Ela ficava triste, mais logo vinha a lua para alegrar sua noite. Ela sorria feliz.

Um dia ela resolveu sair do 'seu mundo', se arriscar, viver igual aos outros.
E se despiu da máscara do seu sonho. E chorou pela primeira vez.
Aquela lágrima quente percorria seu rosto, de modo que a inundava de um desespero sem fim.
Ela não entendia o que via, o que sentia agora. Fora tão feliz em seu mundo.
Agora o jardim não existe mais. E não mais pisa em flores... Apenas sente o ardor dos espinhos cravados em sua pele. Não ri com os amores. Não é mais amada. Não brinca.
Não nota sequer a presença do sol, não fica mais feliz com a lua...
Agora tudo é um tic tac sem fim. Uma corrida contra o tempo.

O que ela vai fazer agora? Quem é ela?
Olha-se no espelho e vê refletida uma imagem assustadora. Sim, é ela.
Uma imagem diferente daquela refletida nas águas dos lagos. Não é mais a mesma.
As feições se parecem, mas algo está errado. Ela não se conhece.
Quem viveu por mim até aqui? Quem sou eu? O que fiz?
Hoje ela tenta se encontrar. Aquela imagem a fez perceber o quanto andou distante de si mesma.
Ela quer fugir. Mais esta fuga é de si mesma novamente.
Ao passo que deseja enfrentar. Seus medos, seus fantasmas, seus traumas.

A doce menina, aquela dos sorrisos soltos, ela hoje quer, mais do que nunca, saber quem realmente ela é...

/criis



Créditos da foto, perfeita, que usei: FLICKR da Janete Anderman

segunda-feira, 14 de março de 2011

A hora do fim...


Da angustiante hora do fim
Eu olho pra você, você pra mim
O coração olha ao redor
E mente. Demente.

Diz pra mim que ainda há tempo
Diz pra você que ali na sua frente
Tem alguem que sorri e mente
Disfarces de quem quer esconder
O que tá na cara, dá pra ver.

Na ausência de um o outro chora
E quando se fala adeus, implora.
Um não-se-vá silencioso
Aperta contra o meu o teu rosto
Dizendo com o olhar
O que a boca não consegue proferir.

Delícias insanas de um beijo roubado
Do toque aveludado de mãos nervosas
Meus olhos. Teus olhos. Sentidos.

Era a hora do fim
Um fim que recomeça
Cada vez que e teu abraço me aperta
E sem forças eu espero novamente
Pela proxima vez de te deixar partir.

_________________________________________________

Dia Nacional da Poesia hoje!
\o/
Taí a minha contribuição!

Beijos a todos!

/criis

Não quero mais brincar de esconde-esconde...

Verbo

es.con.der

  1. pôr em lugar onde fique oculto, onde não se veja ou haja mais dificuldade em ver ou encontrar.
  2. cobrir ou ser coberto de modo a não ser visto.
  3. manter em segredo, não divulgar.
  4. não mostrar ou não se dar a mostrar.


Isso é esconder...

Nunca gostei de brincar de esconder... Eu nunca era achada... Sempre era esquecida lá no meu esconderijo.
E tenho plena certeza de que novamente serei.
Mais uma coisa é esconder determinada coisa de todos, e outra é esconder de si mesmo. Isso não é esconder, é se enganar... Quando metade do mundo já sabe, não é esconder.
Eu sou a escondida. Aquilo que não pode ser revelado. O que está em um lugar oculto. Sou mantida em segredo. Não divulgada. E quer saber? Isso DÓI muito mais que ser trocada... que ser enganada... ou qualquer coisa do tipo!

Já me perguntei tanto porque ainda estou nessa... o que eu ganho com isso exceto uma dor no âmago da minha alma? Não uma dor por gostar, talvez... Mais uma dor por ser o sujeito oculto da oração...
Mais se é assim que os fatos se apresentam diante da realidade, vou fazer o que? Não queria mais brincar de esconde-esconde...

Eu prefiro pega-pega (6).

/Criis



-----------------------------------------------------------------------------------------

Bom, hoje é o dia da poesia... mais primeiro eu precisava desabafar.
Logo mais eu posto minha poesia pra comemorar este dia!

beijos!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Segundo Post do dia...

Ouvindo aqui minha musa-orixá Maria Bethânia, amo quase todas as musicas dela... Mais hoje uma caiu como uma luva: Meu estúpido Jeito de amar.

Daí me lembrei de um poema que ela recita num vídeo que vi no youtube daí resolvi postar aqui.

Eis o poema:

“Você não me conhece...
eu tenho que gritar isso porque você ta surdo, e não me ouve...
A sedução me escraviza a você...
Ao fim de tudo você permanece comigo, mais preso ao que eu criei...
E não a mim...
E quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa...
Você não tem um nome, eu tenho...
Você é um rosto na multidão, eu sou o centro das atenções...
Mais a mentira da aparência do que eu sou, e a mentira da aparência do que você é, por que eu não sou o meu nome... e você não é ninguém...
O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação... através da aceitação da distância e do reconhecimento dela...
Entre eu e você existe a notícia, que nos separa...
E eu quero que você me veja a mim... eu me dispo da notícia...
E a minha nudez parada, te denuncia e te espelha...
Eu me delato... tu me relatas...
Eu nos acuso... e confesso por nós...
Assim me livro das palavras com as quais você me veste...”
(FAUZI ARAP)




'Ele me arregaçou. Alma. Coração. Mente.
Aquilo não era coisa normal. Era astuto, viril e um tanto ameaçador.
Ele fixou em mim um par de olhos famintos. Olhos que jamais encararei novamente.
Por medo. Terror. Ao lembrar que me entreguei a eles. Por saber que aqueles olhos devoraram meu corpo e dilaceraram minha alma. Deixando-me machucada, caída, jogada aos urubús... Tal qual carniça, ferida, aberta, sangrando...
Isso tudo poderia ser apenas devaneio meu... Mais ainda sinto o toque do teu olhar, o calor das suas mãos e o suor do seu corpo... E isso sim, dói feito ferida aberta.
Enquanto tu choras por um passado que tu mesmo deixaste passar, eu finjo sorrir pelo presente que me faz sofrer.'

/criis

See you Later

Pois... hj é um novo dia... Tudo vai mudar agora...
Chore enquanto houver dor, arrependimento e saudade. Ou seja lá o que você esteja sentindo neste momento...
Enquanto isso eu sorrio, vivo e aproveito cada momento como se fosse o ultimo! Não posso sofrer com você... Eu até quis ajudar. Mais há uma cerca elétrica entre nós.
Agora a vida bateu novamente na minha porta, e, mesmo com dor, eu abri. E deixei-a entrar.
Quando você resolver sua vida, quem sabe eu abra a porta pra você novamente!
Mais não demore muito pra se curar.
Eu posso ter me curado primeiro e aí será tarde demais!

Não é Goodbye my almost lover... é see you later!


"Não é um adeus definitivo...
preciso de tempo
vou sair pelo mundo!
vou viajar, estudar.
vou curar as feridas da alma...
e também do coração..."




Meu dia-dia é mais tranquilo até o momento em que minha cabeça me leva até você. Minha cabeça me trai, o coração aperta, a atenção esvanece o frio na barriga... Com tantos sintomas a saudade até parece doença, mas sei que a cura é a sua presença...

Bob Marley




sábado, 5 de março de 2011

Oh triste Colombina...


Estava ela, triste Colombina, sentada à beira de sua própria dor.
Colombina, menina, tu sofres. Sofres com uma dor que não sabe sentir.
Sofre como quem prevê o que ainda há por vir...
Uma dor sufocante toma seu corpo em ondas de pavor, e ela chora.
Colombina... Triste menina, triste sina.
Amar sem ser amada. A história se inverteu...
Trocou o Pierrot por Arlequim e morreu...

/criis