terça-feira, 19 de junho de 2012
A Espera
Ela acorda, na verdade nem dormiu, fica deitada a espera que algo aconteça, nada acontece. Já faz um tempo que desistiu de ir à luta, sabe que se entregar não faz parte do caminho da libertação, mas se entregou.
Observa as paredes, os móveis, pára o olhar por alguns instantes num desenho em sua parede, a frase... Ela mesma o fez. E pela milésima vez pensa na ocasião que a fez marcá-lo ali, tão perto de si. É como trazer pra perto algo que está longe, sente saudades e sorri, pela primeira vez no dia.
E assim as horas passam, ela continua deitada, não come, não bebe, apenas espera que a vida passe. E espera deitada. Pensa em todos os motivos que a fazem não querer reagir, pensa em algo que a faça seguir. Não encontra. Pensa mais um pouco, já é noite, e, como que num ato de misericórdia consigo, levanta, toma um banho e chora as últimas e escassas lágrimas que ainda existem em seu ser seco, desértico... Se arruma, respira e sai. Vai ao encontro daquilo que ainda a faz ter forças pra sair de sua fortaleza, e enquanto a música vibra em seu corpo ela recarrega as baterias e cria coragem de brincar de novo, de sorrir, de conversar besteiras. Superficiais.
E volta, volta pro seu mundo, seu quarto, suas paredes, a frase...
Fica na espera de que um dia ela volte a si mesma. A espera de uma gota de luz, de um estímulo que a faça viver novamente. Sorrir verdadeiramente. Uma razão pra ser feliz de novo. De conversar sem fugir do assunto "eu". De olhar novamente nos olhos das pessoas, de amar, de ser amada. Ela ainda espera.
E sozinha rompe madrugadas a fio, muitas vezes sem pensar em nada. Deita. Não dorme. Fantasia uma semi-felicidade em sua cabecinha. Já sabe que não vai dar certo. Desiste. Nem tentou.
Descarrega.
E tudo começa novamente.
sábado, 16 de junho de 2012
O Fim
Olhei pra sala. Vazia.
Procurei no meio da noite. Escuridão.
Acendi o último cigarro. O fim.
Pensamentos invadindo a mente. Luta imaginária.
Batalha travada entre meu coração e meu cérebro.
Voltas. Voltas. Voltas.
Nenhum recomeço.
Um último esforço. Acordei.
A dor. A solidão. O aperto.
Respira. Olha pra frente. Caminha.
Não é o fim... Não é...
É sim.
Procurei no meio da noite. Escuridão.
Acendi o último cigarro. O fim.
Pensamentos invadindo a mente. Luta imaginária.
Batalha travada entre meu coração e meu cérebro.
Voltas. Voltas. Voltas.
Nenhum recomeço.
Um último esforço. Acordei.
A dor. A solidão. O aperto.
Respira. Olha pra frente. Caminha.
Não é o fim... Não é...
É sim.
"É preciso deixar a nona sinfonia acabar, mesmo sendo linda... Mesmo sendo única…
Quando finda o som, é preciso silenciar, arda o quanto doer!
É preciso semear agora para colher boas lembranças... E para não temer a música"
Fabio Rocha
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Farol da Noite
Falo em deixar pra depois
De encarar os fantasmas e os medos
E assim vir recomeçar
E deixar que agora seja um tranquilo mar
Que se acende ao farol da noite
Espera a tempestade chegar
Deixo vir a mim o céu o nõ no despertar
E enquanto isso sinto calor
No meu dominio insano desse amor
Que me carrega, me veda, me quer ver sangrar
E a voz quente por dentro
Me ensina a cantar essa dor
E tenta entrar e para pra poder contemplar
A calma, a falta de pressa
O caminho que eu fiz pra aqui chegar
E falo em deixar pra depois...
(Fernanda Guimarães)
É isso... EXATAMENTE isso...
Preciso deixar o grito sair da garganta, desfazer o nó.
Relaxar, criar as oportunidades, me desprender do passado.
"Encarar os fantasmas e medos e assim recomeçar... Cantar a dor!"
Beijos!
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